LITERATURA - DADAÍSMO - O MOVIMENTO QUE DEIXOU MARCAS
Dadaísmo
O Dadaísmo é um movimento
artístico e literário que surgiu na Europa, na cidade suíça de Zurique, em
1916, como uma negação de jovens franceses e alemães que não quiseram
permanecer em seus países para não serem convocados para a guerra.
Por muitos críticos, é considerado o mais radical
dos movimentos da Vanguarda Europeia. Esse movimento representava a destruição
e anarquia de valores e formas.
Por se tratar de
um movimento de crítica cultural mais amplo, que aborda não somente as artes,
mas modelos culturais passados e presentes, é considerado um movimento radical
de contestação de valores que utiliza vários canais de expressão: revista,
manifesto, exposição e outros.
O movimento dadaísta promovia o "terrorismo
cultural", pois negava todas as tradições sociais e artísticas. Tinha como
base o niilismo (descrença absoluta), o ilogismo (ausência de lógica ou de
regras) e o slogan "a destruição também é criação".
O movimento surgiu com a intenção de negar todos os
sistemas e códigos estabelecidos no mundo da arte. É considerado um movimento
antipoético, antiartístico, antiliterário, tendo em vista que questiona até a
existência da arte, da poesia e da literatura.
O Dadaísmo difundiu-se através
da revista Dada e, através dela, as ideias deste movimento chegaram à Nova
Iorque, Berlim e Paris.
Origem do nome
O Dadaísmo é
considerado como a estética do absurdo, do incoerente, do ilógico, do surreal,
a começar pelo próprio nome. De acordo com a versão aceita sobre a origem do
termo Dadaísmo, quando questionado sobre o significado da
palavra dada, Tristan Tzara, poeta e criador do Dadaísmo,
afirmou que dada não significava absolutamente nada, que ele
encontrou essa palavra por acaso, ao abrir o dicionário.
Características do Dadaísmo na literatura
Na literatura, o dadaísmo apresenta a falta de
sentido da linguagem, as palavras são dispostas conforme surgem no pensamento,
a fim de ridicularizar o tradicionalismo.
Apresenta ainda:
- Agressividade verbalizada
- Desordem das palavras
- Incoerência
- Banalização da rima, da lógica e do raciocínio.
- Elementos mecânicos;
- Desejo de romper o limite entre as varias modalidades artísticas;
- Irreverência artística;
- Protesto contra a guerra, o capitalismo e o consumismo;
- Caráter pessimista e irônico, principalmente em relação à política;
- Incorporação de diversos materiais;
- Utilização de diversas formas de expressão, como a fotografia, poesia, música
sons, etc. na composição das obras de arte.
O Dadaísmo na
literatura
A falta de lógica e a espontaneidade do Dadaísmo
atingiram na literatura sua expressão máxima, se caracterizado através do
improviso, da desordem e pela rejeição a qualquer tipo de racionalização e
equilíbrio. Em seu último manifesto, Tristan Tzara afirma que o grande segredo
da poesia é que "o pensamento sai da boca". Diante da dificuldade da
compreensão desta afirmação, criou então uma receita de poema dadaísta para
guiar seus seguidores.
Veja como escrever um poema dadaísta a partir da
receita fornecida pelo próprio criador do movimento, Tristan Tzara:
Receita de um poema dadaísta:
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e
meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa,
ainda que incompreendido do público.
Autores
brasileiros e obras do Dadaísmo
O escritor Mário de Andrade apresenta forte referência dadaísta na
publicação do livro Paulicéia Desvairada, que possui um poema intitulado “Ode
ao burguês” e que já no prefácio o autor faz a recomendação de que só
deveriam ler o poema quem soubesse urrar.
Ode
ao burguês
(Mário
de Andrade)
“Eu insulto o burgês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! (...)”
O escritor Manuel Bandeira,
considerado o maior poeta lírico brasileiro do Modernismo, mostrou muita
influência dadaísta em suas obras, principalmente trabalhando no poema-piada.
Observe no poema a seguir a paródia feita a partir de um
poema do romântico Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha).
Mulher, irmã, escuta-me: não ames,
Quando a teus pés um homem terno e curvo
Jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias, não mulher: ele te engana!
As lágrimas são galas da mentira
E o juramento manto da perfídia.
O FIM
DO DADAÍSMO
Entre 1921 e 1922, o movimento dadaísta chega ao fim.
Pode-se afirmar que o Dadaísmo serviu como base para vários movimentos
artísticos do século XX, como o surrealismo, arte conceitual, pop art e
expressionismo abstrato.
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