AULA UM - GRAMÁTICA - FIGURAS DE LINGUAGEM
AULA UM – GRAMÁTICA – 3º BIMESTRE
Figuras de linguagem
As figuras de
linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para tornar a linguagem
mais rica e expressiva.
São classificadas
em:
Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras. Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.
Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase. Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e anáfora.
Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das
palavras. Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e
perífrase.
Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e pensamentos.
Exemplos: hipérbole, eufemismo, ironia, personificação, antítese,
paradoxo, gradação e apóstrofe.
Para dominarmos o uso das figuras de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado, os conceitos de denotação e conotação.
Denotação - Ocorre denotação quando a palavra é
empregada em sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade
concreta ou imaginária.
Já
é a quinta vez que perco as chaves do meu armário
Aquela
sobremesa estava muito azeda, não gostei.
Conotação - Ocorre a conotação quando a palavra é
empregada em sentido figurado, associativo, possibilitando várias
interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de atribuir às
palavras significados diferentes de seu sentido original.
A
chave da questão é você ser feliz independente do momento
Margarida
é uma mulher azeda, está sempre de péssimo humor.
Podemos
perceber que as palavras chave e azeda ganham novos sentidos além
dos quais encontramos nos dicionários. O sentido das palavras está de acordo
com a ideia que o emissor quis transmitir. Sendo assim, a conotação é um
recurso que consiste em atribuir novos significados ao sentido denotativo da
palavra.
Dentro das quatro classificações
usadas acima, vamos aos diversos tipos de Figuras de Linguagem
1) Figuras de som ou sonoras
Aliteração: consiste na repetição ordenada de
mesmos sons consonantais.
“Boi bem
bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de
dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)
Assonância: consiste na repetição ordenada de
mesmos sons vocálicos.
“O que o vago
e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”. (Fernando Pessoa)
Paronomásia: consiste na aproximação de palavras
de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Conhecer as
manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”. (Almir Sater e Renato
Teixeira)
Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra
para imitar sons e ruídos. É uma figura que procura imitar os ruídos e não
apenas sugeri-los.
“Chega de
blá-blá-blá-blá!”
“Au, au, au,
ió, ió, ió
Miau, miau,
miau
Có-có-ri-có”
(Saltimbancos
– Chico Buarque)
É importante
destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um
mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e
onomatopeia.
2) Figuras de construção ou sintaxe
As figuras de
construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na construção
normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos
termos da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto,
polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.
Elipse: consiste na omissão de um termo
facilmente identificável pelo contexto.
Na sala,
apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)

Zeugma: ocorre quando se omite um termo que
já apareceu antes. Ou seja, consiste na elipse de um termo que antes fora
mencionado.
Nem ele
entende a nós, nem nós a ele. (omissão do termo entendemos)
Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é
reforçar a mensagem.
“E rir meu
riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)
Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre
elementos coordenados
“Todo coberto
de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)
Acordei,
levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.
Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos
ligando termos da oração ou elementos do período.
“...e planta,
e colhe, e mata, e vive, e morre...” (Clarice Lispector)
Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na
frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia uma determinada construção
sintática e depois se opta por outra.
“Eu,
que me chamava de amor e minha esperança de amor.”
“Aquela
mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.”
(Camilo Castelo Branco)
Os termos sublinhados
não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a frase, não cumprem
nenhuma função sintática nos exemplos.
Hipérbato ou Inversão: consiste no deslocamento dos termos
da oração ou das orações no período. Ou seja, é a mudança da ordem natural dos
termos na frase.
São como
cristais suas lágrimas.
Batia
acelerado meu coração.
Na ordem direta, as frases dos exemplos
expostos seriam:
Suas lágrimas
são como cristais.
Meu coração
batia acelerado.
Hipálage: ocorre quando se atribui a uma
palavra uma característica que pertence a outra da mesma frase:
Esse sapato
não entra no meu pé! (= Eu não entro nesse sapato!)
Essa blusa
não cabe em mim. (= Eu não caibo mais nessa blusa.)
Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou
expressão no início de várias orações, períodos ou versos.
“Tudo é
silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)
Silepse: ocorre quando a concordância se faz
com a ideia subentendida, com o que está implícito e não com os termos
expressos. A silepse pode ser:
- De gênero -
“Vossa excelência é pouco conhecido”. (concorda com a pessoa representada pelo
pronome)
- De número -
“Corria gente de todos os lados, e gritavam” (gente dá ideia de plural,
gritavam concorda com “gente”)
- De pessoa –
“Os brasileiros somos bastante otimistas” (brasileiros dá ideia de nós (1º p.
do plural) somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)
3) Figuras de palavras ou semânticas
Consistem no
emprego de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num sentido
conotativo. São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia,
antonomásia, sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia,
paradoxo, perífrase, apóstrofe e ironia.
Comparação ou símile: ocorre comparação quando se
estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por
nexos comparativos explícitos, como tal qual, assim como, que nem e etc. A principal
diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença dos nexos
comparativos.
“E flutuou no
ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)

Metáfora: consiste em empregar um termo com
significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre
o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora ocorre uma comparação em
que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu
pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)

Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo
específico para designar um conceito, toma-se outro por empréstimo.
Ele comprou
dois dentes de alho para colocar na comida.
O pé da mesa
estava quebrado.
Não sente no
braço do sofá.
Metonímia: assim como a metáfora, consiste numa
transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma
coisa passa a ser utilizada com outro sentido. Ou seja, é o emprego de um nome
por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento. A metonímia
ocorre quando se emprega:
A causa pelo
efeito: vivo do meu trabalho (do produto do trabalho = alimento)
O efeito pela
causa: aquele poeta bebeu a morte (= veneno)
O instrumento
pelo usuário: os microfones corriam no pátio = repórteres).

Antonomásia: É a figura que designa uma pessoa por
uma característica, feito ou fato que a tornou notória.
A cidade
eterna (em vez de Roma)
Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão,
sensações percebidas por diferentes órgãos sensoriais.
Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)

Antítese: é o emprego de palavras ou expressões
de significados opostos.
Os jardins
têm vida e morte.

Perífrase: é uma expressão que designa um ser
por meio de alguma de suas características ou atributos.
O ouro negro
foi o grande assunto do século. (= petróleo)
4) Figuras de pensamento
Ironia: é o recurso linguístico que consiste
em afirmar o contrário do que se pensa.
Que pessoa
educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.

Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede!
Não vejo você há séculos!

Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados características próprias dos seres humanos.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.
Ele sempre faltava com a verdade (= mentia)
Paradoxo: consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.
Estou cego, mas agora consigo ver.
Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras que intensificam uma ideia.
Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com gente é diferente.
Apóstrofe: é a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados.
“Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
Por Daniele Fernanda Feliz Moreira
Mestre em Ciências Humanas (CEFETRJ,
2014)
Especialista em Linguística, Letras e
Artes (CEFETRJ, 2013)
Graduada em Letras - Literatura e
Língua Portuguesa (UFRJ, 2011)
Comentários
Postar um comentário