Postagens

Mostrando postagens de junho, 2019

LITERATURA - MACUNAÍMA: ANÁLISE

Imagem
Por que 'Macunaíma', lançado há 90 anos, é muito mais do que um livro de vestibular Por - Edison Veiga De Milão para a BBC News Brasil "Pouca saúde e muita saúva, os males do  Brasil  são" - esse slogan de Macunaíma pode ajudar a explicar metaforicamente o país até hoje. Mas não é só isso que faz a grandeza dessa  obra-prima , o romance rapsódia  Macunaíma - O herói sem nenhum caráter , que o modernista Mário de Andrade (1893-1945) publicou em 1928. O escritor criou um anti-herói marginal que nasce com preguiça na Amazônia e apronta tantas traquinagens que acaba abandonado pela mãe. Macunaíma é erotizado e, a todo custo, busca prazeres sexuais. Ainda na floresta, ele ganha um talismã indígena, a muiraquitã. Depois perde a pedra e então viaja para São Paulo e Rio de Janeiro a fim de tentar recuperá-la. No percurso, o protagonista - que nasce negro e vira branco - vive peripécias e confusões, revelando suas falhas de caráter. "O livro reúne u

LITERATURA - MACUNAÍMA, O HERÓI SEM CARÁTER

Imagem
MACUNAÍMA No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava: If — Ai! que preguiça!. . . e não dizia mais nada. [...] O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. [...] E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. [...] Macunaíma assuntou o deserto e sentiu que ia chorar. Mas não tinh

LITERATURA - TERCEIRA FASE DO MODERNISMO

Terceira Fase do Modernismo(1945 a 1960) Conhecida também como Geração de 45, a última fase do Modernismo, considerada por muitos como já Pós-Modernismo, é caracterizada pela liberdade. Abandonam os diversos ideais defendidos pela primeira geração do Modernismo, como a exploração da realidade brasileira e a linguagem popular. Na poesia há inclusivamente um retorno à forma, sendo encarada como a arte da palavra. Nesta última fase, houve a exploração da psicologia humana, sendo abordados conteúdos inovadores. Principais autores da Terceira Fase Guimarães Rosa; Clarice Lispector; Mário Quintana; João Cabral de Melo Neto; Lygia Fagundes Telles; Ariano Suassuna.   Poesias da Terceira Fase Morte e Vida Severina [...] E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença

LITERATURA - SEGUNDA FASE DO MODERNISMO

Segunda Fase do Modernismo (1930 a 1945) Esta segunda fase, também chamada de Geração de 30, foi uma fase de consolidação do Modernismo brasileiro. Sendo uma fase mais madura, foi quando o movimento ganhou mais força e se criaram obras essenciais da literatura brasileira. Na prosa, houve uma grande reflexão e crítica da realidade brasileira, sendo retratados problemas sociais das diferentes regiões, com destaque para o regionalismo nordestino. Na poesia, houve um questionamento do sentido da existência, com profunda análise dos sentimentos humanos e das angústias sociais. Principais autores da Segunda Fase Carlos Drummond de Andrade; Cecília Meireles; Vinicius de Moraes; Jorge Amado; Graciliano Ramos; Érico Veríssimo; Rachel de Queiroz. Poesias da Segunda Fase Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e

LITERATURA - PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO

Primeira Fase do Modernismo (1922 a 1930) Também chamada de Fase Heroica, foi a mais radical no rompimento com os paradigmas tradicionais. Houve a redescoberta e valorização do cotidiano brasileiro, com grande destaque da linguagem coloquial e espontânea, com suas gírias, erros e capacidade expressiva (humor, ironia e sarcasmo). Ocorreu também a negação brusca do passado a nível formal, sendo desvalorizadas as regras de rima e métrica da poesia. Principais autores da Primeira Fase Mário de Andrade; Oswald de Andrade; Manuel Bandeira; Alcântara Machado. Poesias da Primeira Fase Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro (Oswald de Andrade) Erro de português Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido

LITERATURA - MODERNISMO BRASILEIRO – PARTE DOIS

MODERNISMO BRASILEIRO – PARTE DOIS As fases do Modernismo no Brasil No Brasil, o Modernismo preconizava a independência cultural do país, sendo valorizada a cultura cotidiana brasileira, em específico, a linguagem popular. As obras modernistas são de suma importância e extremamente enriquecedoras da literatura brasileira. Três momentos distintos, chamados de fases ou gerações, caracterizaram o Modernismo no Brasil. Primeira Fase (1922 a 1930) Também chamada de Fase Heroica, foi a mais radical no rompimento com os paradigmas tradicionais. Houve a redescoberta e valorização do cotidiano brasileiro, com grande destaque da linguagem coloquial e espontânea, com suas gírias, erros e capacidade expressiva (humor, ironia e sarcasmo). Ocorreu também a negação brusca do passado a nível formal, sendo desvalorizadas as regras de rima e métrica da poesia. Principais autores da Primeira Fase Mário de Andrade; Oswald de Andrade; Manuel Bandeira; Alcântara Machado. Segu