LITERATURA
Aula um
A crítica através do humor
Segundo o dicionário Houaiss, o termo
‘sátira’ tem vários sentidos. No âmbito da literatura, especialmente no
sistema literário latino, referia-se à criação livre e irônica tecida contra
organizações, hábitos e concepções dessa época. No contexto da poesia a
palavra alude à composição poética que ridiculariza os vícios e as
imperfeições.
Conforme
esta mesma obra, a sátira também engloba o discurso ou o texto escrito de
natureza picante, crítica e maledicente. Inclui também a conotação de algo
irônico, de uma zombaria e, enfim, assume igualmente o significado de uma
censura espirituosa.
Voltando
ao campo da literatura, pode-se
dizer que a sátira é uma ferramenta muito apreciada nesta esfera e na arte em
geral. Com ela o autor escarnece de
qualquer proposição, verse ela sobre pessoas, instituições, nações, ou
qualquer outro assunto. Este instrumento é mobilizado com o objetivo de
provocar ou de impedir uma transição política ou de outra natureza qualquer.
A
paródia, com a qual se reproduz outra modalidade artística de uma maneira
desmedida, visando produzir uma obra engraçada que normalmente zomba da
temática focada no original submetido ao escárnio, pode igualmente estar
ligada à sátira. Mas deve ficar bem claro que, embora possam caminhar juntas,
não apresentam semelhanças em seus procedimentos.
Por
exemplo, a sátira não precisa apresentar elementos de bom-humor; pelo
contrário, às vezes ela culmina em finais assustadores. Já a paródia
apresenta necessariamente uma índole divertida. Mais uma distinção: a paródia
tem uma natureza essencialmente reprodutiva, enquanto a sátira não tem
necessidade de adotar esta qualidade.
A graça da sátira é extraída, em
alguns momentos, da sua adjacência com a realidade. O humor não é a meta
essencial da técnica satírica, e sim a crítica política, social ou moral.
Quando ela tem uma tendência para a comicidade, torna-se mais sutil e
irônica. E seu autor permanece imperturbável, como se não compreendesse o
quanto são sarcásticos os eventos que descreve.
A
sátira, na Antiguidade, estava estreitamente ligada à paródia dos vários
gêneros da literatura da época, inclusive a um amálgama da linguagem sem
métrica e da poesia, os dois estilos presentes no mesmo texto. Outra
genealogia da palavra, associada ao idioma grego, vincula o recurso da sátira
à imagem do sátiro, destacado uma de suas marcas mais significativas, a
carência de reverência, muito comum na comédia da época e legada
posteriormente à ficção.
Uma característica desta sátira é seu
princípio revelador do que se encontra oculto e sua qualidade de disseminar
princípios morais. Ou seja, ela visa combater os vícios sociais, punir os
maus hábitos através do riso repleto de sarcasmo. Nesta risada se faz presente o estilo grotesco, um
dos instrumentos preferenciais dos comediantes satíricos; ele normalmente
desfigura a estrutura física do personagem como um símbolo de suas mazelas
morais.
Entre
os celtas acreditava-se que a sátira criada por um bardo tinha repercussões
no corpo da pessoa satirizada, como se fosse uma maldição. Gregório de Matos
e Guerra, célebre poeta da era barroca, compôs as sátiras mais famosas da
história da literatura.
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O texto ao
lado faz parte da parte da Literatura, mas complementa a de produção textual,
quando foi apresentada no primeiro dia de aula a música Pelado, para mostrar
que a crítica por meio do humor é algo comum na literatura (e na arte de
forma geral).
Agora, vamos
conceituar o tem humor, inserindo o vocábulo “sátira”.
Essa parte
servira para linkar o texto “O Juiz
de Paz da Roça” – a primeira comédia de costumes brasileira, logo, um marco
na nossa literatura
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LITERATURA
Aula dois
O JUIZ DE PAZ DA ROÇA
O Juiz de Paz da Roça (1833), obra de Martins Pena, é
considerada a primeira comédia de costumes do teatro brasileiro. Influenciada
pelo teatro picaresco espanhol, possui, além da crítica social e do diálogo
coloquial, características posteriormente encontradas na chanchada, no teatro
de revista e outros gêneros populares, como a piada de duplo sentido e a
utilização de danças e canções. Além disso, traz também, sob a influência dos
franceses – o que o faz ser chamado de Molière brasileiro –, o teatro que,
por meio do riso (outro ponto de contato gilvicentino), a descrição e a
crítica aos costumes do Rio de Janeiro de meados do século XIX. E tudo de
forma simples, natural, espontânea, ágil.
Espaço / Tempo
Rio de Janeiro - casa de Manuel João e casa do Juiz de paz.
A peça é de 1837. O momento histórico da ação é o mesmo da Revolução
Farroupilha, acontecida no Rio Grande do Sul, em 1834: é da convocação
militar que José, noivo de Aninha, vem fugindo. 0 casamento seria
justificativa legal para seu não recrutamento. Coincidentemente, é Manuel
João o encarregado de conduzir o recruta ao serviço militar - o que não acaba
acontecendo, naturalmente.
Temática
Criticar as convenções sociais, o casamento, a família, o
governo e satirizar figuras como padres, juízes, políticos inescrupulosos e
novos ricos.
Estrutura da peça
Ato único com 23 cenas (incluindo a Cena Última)
Personagens
As personagens de Martins Pena são pessoas comuns em
situações do dia-a-dia, como casamentos, festas, envolvidas em pequenas
intrigas domésticas etc: juiz de Paz; escrivão do Juiz de Paz; Manuel João;
Maria Rosa; Aninha; José da Fonseca; lavradores.
Enredo
O enredo é simples: trata-se de uma sátira à aplicação da
justiça nas províncias remotas do Segundo Império, denunciando a corrupção e
o abuso das autoridades. Sem dúvida foi esse o motivo do estrondoso sucesso
da sua primeira encenação, em 1848. Faz menção à Guerra dos Farroupilhas, ao
contrabando de escravos e outras mazelas sociais.
Peça de um ato, o texto é considerado o nosso Monólogo do
Vaqueiro, já que é o inaugurador, literariamente, de nosso teatro. Como seu
título indica, a trama dedica-se a descrever os costumes da zona rural, o que
era a preocupação das primeiras obras do autor. Depois de infeliz passagem
para a tragédia, o dramaturgo voltaria às comédias, mas ambientadas na Corte.
No entanto, como se verá, o foco de sua crítica não mudou.
Assim como nas peças de Gil Vicente, somos jogados de
chofre no meio da história. Essa técnica recebe o nome de “in media res”.
Assim, por meio do diálogo de mãe (Maria Rosa) e filha (Aninha) sobre a labuta
do pai (Manuel João), tomamos conhecimento de todo o sofrido universo de
valores, costumes e tarefas da roça, como a necessidade de mais mão-de-obra
escrava, atrapalhada por dificuldades econômicas. É interessante como essas
preocupações por demais pragmáticas são apresentadas diante de um público
romântico e com tendência à evasão e à idealização. Até que ponto estaria
ocorrendo um desvio aos padrões estéticos burgueses?
Aninha, ciente da iminente chegada do pai, cansado do
trabalho, lembra a mãe que este iria gostar de jacuba (um tipo de refresco).
A senhora sai de cena, para a preparação da bebida. Tratava-se de um
expediente da menina para que ficasse sozinha e recebesse seu namorado. Esses
estratagemas são muito comuns no tipo de teatro que Martins Pena estava
inaugurando. Dão mais agilidade à trama.
Aumentando a velocidade do texto, as cenas são curtas,
tendo apenas a extensão necessária para o desenrolar dos fatos. Tudo é
essencial, econômico, importante, inclusive as rubricas (marcações da cena),
que são precisas e significativas até no vestuário. O autor demonstra aqui a
consciência de que o teatro é encenação, é para ser visto principalmente.
Isso explica a importância de se lembrar que o namorado de Aninha, José (note
a simplicidade dos nomes) veste roupas brancas. Em plena roça, esses trajes
reforçariam uma tendência, disseminada em outros momentos, da personagem a
não enxergar que seu papel é trabalhar e não pensar em prazeres da vida
apenas, como se fosse um bon vivant.
Nesta segunda cena ocorre o encontro amoroso entre José e
Aninha. Nela se manifesta uma característica comum do autor, que é a
utilização do exagero caricaturesco, percebido no instante em que Aninha
recusa o abraço de seu amado. Só depois do casamento é que pode! E ainda alfineta
dizendo que esse “abuso” fora causado pelos maus costumes adquiridos na
Corte.
Há também nesta cena, por meio do diálogo dos namorados, um
elemento que é crucial na obra do autor: o contraste entre a roça e a Corte.
O rapaz, após a estranha explicação de que não sobrara vintém do bananal que
recebera de herança – revelador, no mínimo, da imaturidade da personagem –,
diz como pretende se arranjar com sua amada: vão-se casar às escondidas e se
mudarão para a Corte. Para seduzir Aninha, faz uma descrição completamente
distorcida da Capital, apegado apenas ao aspecto exótico, como se a vida lá
fosse prazer, diversão. Isso é percebido no diálogo abaixo transcrito:
Fonte:
https://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_juiz_de_paz_da_roca
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O conteúdo ao
lado explica a importância da Peça “O Juiz de Paz da Roça”.
Destaca-se na
aula:
- que se
trata de uma comédia de costumes
- que é a
primeira peça da Literatura Brasileira
- que tem
influências gilvicentinas
Também
salientar
- A relação
tempo/espaço, possibilitando contextualizar o enredo à época em que foi
escrita a obra.
- A estrutura
da peça – para o aluno compreender que a escrita exige um planejamento
- Os
personagens e a temática – para que o aluno entenda que a escrita exige,
também, um padrão de organização para facilitar a compreensão do leitor
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LITERATURA
Aula três
O JUIZ DE PAZ DA ROÇA
Escrivão, lendo - Diz Francisco Antônio, natural de Portugal, porém
brasileiro, que tendo ele casado com Rosa de Jesus, trouxe esta por dote uma
égua. “Ora, acontecendo ter a égua de minha mulher um filho, o meu vizinho
José da Silva diz que é dele, só porque o dito filho da égua de minha mulher
saiu malhado como o seu cavalo. Ora, como os filhos pertencem às mães, e a
prova disto é que a minha escrava Maria tem um filho que é meu, peço a V.S.ª
mande o dito meu vizinho entregar-me o filho da égua que é de minha mulher.”
Juiz - É
de verdade que o senhor tem o filho da égua preso?
José da Silva - É verdade;
porém o filho me pertence, pois é meu, que é do cavalo.
Juiz - Terá a bondade de entregar o filho a seu dono, pois
é aqui da mulher do senhor.
José da Silva - Mas,
Sr. Juiz...
Juiz - Nem
mais nem meios mais; entregue o filho, senão, cadeia.
José da Silva - Eu vou queixar-me ao Presidente.
Juiz - Pois
vá, que eu tomarei a apelação.
José da Silva - E
eu embargo.
Juiz - Embargue
ou não embargue, embargue com trezentos mil diabos, que eu não concederei
revista no auto do processo!
José da Silva - Eu
lhe mostrarei, deixe estar.
Juiz - Sr. Escrivão, não dê anistia a este rebelde, e
mande-o agarrar para soldado.
José da Silva, com humildade
- Vossa Senhoria não se arrenegue!
Eu entregarei o pequira.
Juiz - Pois bem , retirem-se; estão conciliados. (Saem os dous
.) Não há mais ninguém? Bom, está fechada a sessão. Hoje cansaram-me!
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O texto ao
lado deverá ser copiado na lousa pelo aluno e lido em voz alta.
Antes da
leitura, recapitular de forma breve o que foi visto na aula anterior, e fazer
as observações no final da leitura, pontuando na lousa:
- estrutura
- organização
- relação
tempo/espaço
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LITERATURA
Ficha de leitura
Orientações
A ficha a seguir é para ser preenchida e entregue ao
professor.
A avaliação desta faz parte da série de atividades relacionadas
ao livro “A Luneta Mágica” (Joaquim Manuel de Macedo), integrando a nota da
totalidade do trabalho.
I – Plano de leitura
Número
de páginas do livro _________________________
Início
da leitura _____/ _____/ 2019
Previsão
de término da leitura _______/ _____/ 2019
Número
de páginas por dia ____________
II – Aspectos gerais
Nome
do livro _________________________ Autor(a)
____________________________________
Gênero
______________________________ Nacionalidade _________________________
Editora
______________________________ Edição
________ Ano da edição ____________
Ano
que o livro foi lançado __________________________
III – Personagens
Nome(s) do(s) protagonista(s) _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Nome(s) do(s) antagonista (s) _____________________________________________________________________
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Demais personagens __________________________________________________________________________________________________________________________________________
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Qual personagem você mais gostou? Por quê?
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IV – Tempo
Em qual época ou ano se passa a história?
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V – Espaço
Onde se passa o enredo da história?
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VI – Estratégias do autor
a.
A história é contada em:
o 1ª pessoa, sendo que o autor participa do enredo.
o 1ª pessoa, sendo que um personagem conta a história.
o em 3ª pessoa.
b. Como o autor faz para prender a atenção do
leitor?
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VII - Narração
Faça um breve relato sobre o que fala o livro
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VIII - Apreciação
Minha opinião sobre a história:
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IX – Avaliação do aluno
Li este livro em _____ dias
De zero a 10, dou nota ______ para esse
livro.
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